domingo, 22 de janeiro de 2012

Academia Pedralva de Letras e Artes

RESOLUÇÃO Nº 002/2011
O presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio Municipal - COPPAM - no uso das atribuições que lhe confere o Artigo 3º da Lei 7.527, de 19 de dezembro de 2003, alterada pela Lei 8.151, de 26 de março de 2010, e em cumprimento o que estabelece o Artigo 172, inciso II, letra “f”, da Lei Orgânica do Município, e o Artigo 30, inciso IX da Constituição da República,
RESOLVE
Artigo 1º - Ficam registradas como Patrimônio Cultural do Município de Campos dos Goytacazes, as seguintes entidades promotoras de arte e cultura, consideradas de grande expressão cultural e histórica e referências dos foros de civilização dos munícipes:

PATRIMÔNIO CULTURAL
ACADEMIA PEDRALVA DE LETRAS E ARTES

Artigo 2º - Fica a cargo da Secretaria Municipal de Cultura e do COPPAM - Conselho de Preservação do Patrimônio Municipal -, de acordo com o Artigo 226 e 229 da Lei Municipal 7972, de 31/03/2008, o desenvolvimento de projetos de valorização cultural pertinentes a este ato.
§ Único - Sejam os incisos do artigo anterior lançados no Livro de Tombos.
Artigo 3º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.
Campos dos Goytacazes, 27 de Dezembro de 2011.
ORAVIO DE CAMPOS SOARES
Presidente do COPPAM

HISTÓRICO - Foi numa oficina de bicicletas, de Hermann Lessa, na antiga Rua Barão de Cotegipe, atual Governador Theotônio Ferreira de Araújo, onde funciona hoje a firma Neves e Irmãos, que nasceu a idéia da fundação da Academia Pedralva, formada pelas iniciais de seus três fundadores, poetas Pedro Baptista Manhães, Almir Maciel Soares e Walter Siqueira, todos, na época, jovens, inspirados e entusiastas pela poesia.
Mais tarde, já fundada, a Pedralva começou a se reunir efetivamente na residência do poeta-fundador Pedro Manhães, na Rua Conselheiro José Fernandes (ex-Rua dos Bondes), em frente à Primeira Igreja Batista de Campos, com a presença de dezenas de poetas, trovadores e cronistas da terra. Eram reuniões inteligentes, agradáveis, bem-humoradas, durante as quais eram servidos café e refresco amigos. Pedro foi sempre um gentleman.
A academia cresceu e por motivos vários, passou a realizar as suas reuniões no escritório do advogado e intelectual Walter Silva, pedralvense, no antigo Edifício Bartholomeu Lysandro (também conhecido por edifício d’”A Brasileira”). Mas não ficou por muito tempo. Crescendo e se projetando cada vez mais, a Pedralva foi abrigada pela Associação de Imprensa Campista (AIC), entidade pronta a atender às iniciativas comunitárias, em particular às culturais. Retornando, mais tarde, a se reunir na oficina de bicicletas, em outro endereço.
Na sede da AIC, a Pedralva, que contava também com jornalistas pedralvenses, realizou importantes e memoráveis reuniões e solenidades, com a participação de intelectuais campistas e visitantes e a presença constante de convidados e populares.
Com o passar do tempo, por exigências estruturais, a entidade passou a se chamar Academia Pedralva – Letras e Artes, editando livros e boletins, realizando palestras e conferências, programação de intercâmbio literário e a saudosa criação dos Salões Campistas de Trovas, de dois em dois anos.
Os salões de trovas marcaram época, desde a sua instituição em 1959. Até o último, em 1993, foram abordados os mais variados temas, contando invariavelmente com a participação de trovadores locais, nacionais e internacionais. Nesses períodos de realizações trovadorescas, a Pedralva trouxe a Campos, para palestras, manhãs, tardes e noites de autógrafos, lançamentos de livros e outras iniciativas, renomados nomes da cultura, como J. G. de Araújo Jorge, Hélio Teixeira, João Felício dos Santos, Vitor Visconti, Lourdes Povoa Bley, Aparício Fernandes, Zalkind Piatigorsky, Alice de Oliveira, Jacy Pacheco, Pedro Paulo Gavazzoni, Nabor Fernandes, Raul de Oliveira Rodrigues, Navega Cretton, Alípio Mendes, Aurélio Buarque de Hollanda, Herberto Sales, entre muitos e muitos outros. Os salões deixaram de ser realizados por questões financeiras.
A Academia Pedralva possui 40 cadeiras. Há 62 anos ininterruptos difunde a cultura campista pelo Brasil. Foi fundada em 20 de fevereiro de 1947, com sede no Palácio da Cultura (Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima), graças ao ex-prefeito Raul David Linhares Corrêa e mantida pelos prefeitos posteriores.
Foram presidentes, segundo arquivo, os pedralvenses Walter Siqueira (o poeta), Pedro Manhães, Walter Silva, Latour Neves Silva Arueira, Ebenézer Soares Ferreira, Herbson da Rocha Freitas, José Ferreira da Silva, Adamastor Barros da Cunha, Waldir Pinto de Carvalho, José Florentino Salles e Heloísa Helena Crespo Henriques.
A APLA tem hoje a administrá-la o cronista José Gurgel dos Santos, empossado em 2008. Nomes como os de José Viana Gonçalves, Aldiney de Souza Sá, Carlos Augusto Souto de Alencar, Geraldo Ferreira da Silva, Manoel Junqueira e Elias Rocha Gonçalves compõem a atual diretoria pedralvense.
Eis, em síntese, uma micro-história da Academia Pedralva Letras e Artes, que toda Campos dos Goytacazes conhece e admira pelos seus trabalhos culturais. Por fim, como muito bem disse, certa vez, o poeta Walter Siqueira, “o sonho de Almir Soares não se desfez com a sua morte: materializou-se na Academia que ele desejou ver triunfar e recebeu o cognome feliz de “Casa de Almir Soares””.
No Reino dos Céus, ao som de harpas e trombetas, Pedro, Almir e Walter, juntamente com Walter Silva, José Ferreira da Silva, Latour Arueira, Antônio Roberto Fernandes, Waldir Pinto de Carvalho e tantos outros, prosseguem versejando e amando as belezas do Eterno, enquanto nós, aqui na Terra, vamos firmes e fortes, empunhando a bandeira pedralvense em defesa da nossa cultura.

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